O Velho e o Mar

Sinopse: “Dando início à renovação da identidade visual das obras de Ernest Hemingway, a Bertrand Brasil relança O velho e o mar, um dos principais livros de sua carreira. Título mais vendido do autor no Brasil, foi agraciado com o Prêmio Pulitzer, em 1954.Depois de anos na profissão, havia 84 dias que o velho pescador Santiago não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um salão, ou seja, um azarento da pior espécie. Mas ele possui coragem, acredita em si mesmo, e parte sozinho para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho.Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida. Com um enredo tenso que prende o leitor na ponta da linha, Hemingway escreveu uma das mais belas obras da literatura contemporânea Uma história dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete.


***********SPOILER***********



Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Ano: 2015
Editora: Bertrand Brasil
Número de páginas: 126
CompreSaraivaAmazon

Crítica: O que vem a sua cabeça quando se lê “o velho e o mar”? Bom, durante um tempo eu associava a alguma história bem chata sobre superação e sofrimento da terceira idade com rótulos bem clichês dos enlatados hollywoodianos. Ao término do livro, percebi que a realmente a história era chata, mas ela é de uma delicadeza e de um poder linguístico tão grande que me fez acompanhar espiritualmente a jornada de Santiago em alto-mar.

Para darmos início a nossa resenha eu trago uma reflexão a todos os leitores entusiastas. Vocês já se questionaram o que é envelhecer? Pois bem, o livro O velho e o mar, de Hernest Hemingway, escrito em 1952, nos apresenta a batalha de um velho com a sociedade, essa relação conflituosa e bem característica das pessoas da terceira idade se dá de uma maneira um tanto poética, pois percebemos página a página que essa guerra invisível já está vencida e só quem não percebeu isso foi o herói de nossa história.

Santiago já está liquidado pelo tempo, o jovem viçoso e cheio de vigor se perdeu ao longo dos anos, e o que lhe restou? Bom, ouso dizer que foi apenas o desejo de sentir-se vivo, isso é o que lhe impulsiona todo dia bem cedo, juntar seus apetrechos de pesca, levá-los até o barco e empurrá-lo ao mar, grande parceiro de vida de onde o mesmo tira seu sustento. Onde ele compreende que sua vida não continua a mesma, pois não tem mais sua amada ao seu lado. A Cuba pré-revolução é o plano de toda essa aventura e também da amizade singela de Santiago e Manolin, mestre e ex-aprendiz que por motivos econômicos teve que procura um emprego em outro barco, depois que seu mestre foi acometido pela má sorte.

Quando eu estava lendo o livro uma coisa me deixou pensativo. Como deve ficar o emocional de um pescador que está a 85 dias sem pegar nenhum peixe? Sim, atentos leitores, a urgência da ocasião era no mínimo desesperadora, apesar de terem passagens no livro que percebemos uma barriga na narrativa, que faz com que os acontecimentos fiquem presos ao fato da chance de uma nova pescaria malsucedida, faz com que seja iminente que isso não ocorra, agregando assim uma carga dramática ainda maior ao contexto de sofrimento do nosso herói.

Se aventurar pelo oceano sempre foi uma tarefa perigosa e principalmente quando se é um pescador decadente, mas um fato que não podemos mensurar, mas sim acompanhar esse desejo de vencer, desejo esse que fez ele voltar até ali durante esses quase três meses. O mar essa figura dúbia lhe concede a Santiago a chance de sua redenção, mas Hemingway procurou nos provar que na vida se você não lutar pelos seus sonhos, ninguém travará essa batalha por você. E foi exatamente isso que o velho fez durante três dias lutou o bom combate.

Convenhamos robusto leitor, que um peixe de aproximadamente cinco metros e pesando mais de 600 kg não é nada fácil de se pescar e levando em conta os métodos de pesca apresentados realmente não é nada sensato. Tendo todos esses aspectos dramáticos reunidos é evidente que nosso protagonista pagou caro por seu desejo de alcançar seu tão sonhado peixe gigante. A sorte, amiga ausente em seus dias frustrados de pesca, apesar de tímida deu o ar da graça ao incansável Santiago. Amparo fundamental para que o embate do velho com seu algoz gigante ficasse em equilíbrio. Mas nem toda sorte do mundo evita que chagas surjam ao passar das horas.

Apesar de todas as dificuldades a perseverança se sobressai e vislumbres do jovem de outrora se tornam presentes luta com seu amigo. Sim, surpresos leitores, o nosso destemido herói percebe que o peixe é um guerreiro igual a ele e que sua perseverança é de uma honradez que faz com que uma ligação empática entre os dois seja estabelecida até nosso herói vencer a batalha. Muito ainda precisava ser feito e o retorno até a costa seria longo, pois o incansável peixe apesar de tombado lutou bravamente para escapar deixando o barquinho em alto mar.

Santiago sempre soube dos perigos de sua aventura inesperada, até conseguir prever bem todas as dificuldades que iria ter que enfrentar. O retorno para casa ainda guardava perigos dos quais eu não sabia se conseguiria sair vitorioso, não demorou para o jogo mudar para pior, pois o que parecia certo ainda dependia de um lance de dados feito pelo destino. E assim os dados rolaram e um tubarão após o outro atacaram seu peixe tão precioso. Mais uma vez uma luta mortal foi travada, mas nosso herói acabou sem seu estimado peixe.

Uma prosa bem construída em cima de verbos e substantivos tão bem colocados e assertivos dentro do texto faz com que essa pseudo fábula que lhes trouxe, seja tão reflexiva mostrando assim o quanto é difícil lutar por nossas realizações, mas que por mais limitados que sejamos, o suporte que encontramos para travarmos o bom combate diário vem dos detalhes, dos outros e principalmente de nós mesmo. E assim como Santiago que voltou derrotado para casa, só queria descansar por entender que amanhã seria um novo dia para recomeçar tudo de novo.