Devotada Juliette

Sinopse: "Devotada Juliette, romance que marca a estreia literária da médica Patrícia Deps. A obra acompanha a protagonista Rebeca Goldstein, médica com aspirações literárias que viaja até o Velho Continente para vivenciar boas histórias e encontrar inspirações a fim de escrever um livro. Após uma breve passagem, com um grupo de amigas, pela Ilha da Madeira, em Portugual, Rebeca vai sozinha para Paris, onde encontra a liberdade necessária para mergulhar fundo em sua busca, que será seguida por surpreendentes descobertas."



Título: Devotada Juliette
Autor: Patrícia Deps
Ano: 2017
Editora: Cousa
Número de páginas: 290
Compre: Ebook: Saraiva
               Livro físico: Editora Cousa


Crítica: Olá gente bonita, desculpa por andar meio sumida, tirei alguns dias de férias e aproveitei para dar uma distanciada da internet, porém consegui concluir a leitura desse livro que me deu muito o que pensar.
     Esse livro é o primeiríssimo livro de ficção da autora Patrícia Deps, e fiquei me perguntando até que ponto ele não seria um pouco autobiográfico, pois, assim como a personagem principal da história Rebeca Goldstein, a autora é médica e teve a ideia do seu primeiro livro justamente em uma viagem a Paris.
     Mas vamos falar um pouquinho sobre o enredo, já no primeiro capítulo conseguimos entender um pouco sobre a protagonista, ela é médica, mora em uma casa com a filha e sua cachorrinha de estimação, e tem um filho, morando em São Paulo, prestes a se formar na faculdade de Psicologia. Logo no inicio da narrativa, conseguimos perceber que a protagonista sentia um grande desejo de viajar e se aventurar com as amigas, ao mesmo tempo que sentia uma grande vontade de escrever algo diferente dos artigos científicos que estava acostumada. Para isso ela decide tirar 17 dias de férias. 
     Ficou decidido, então,  que ela passaria três dias na Ilha da Madeira, em Portugal com as amigas e depois seguiria para Lyon, onde encontraria um amigo e ficaria apenas por dois dias antes de finalmente ir para Paris iniciar sua incursão no mundo da literatura por doze dias completamente sozinha.

" Eu poderia ser facilmente criticada se dissesse que queria viajar para escrever, pois escrever é possível de se realizar em qualquer lugar. Poderia ser na minha própria casa sem gastar tempo fora do país para isso. É verdade, escrever é um ato que ultrapassa fronteiras. Ser escritor é exercer um trabalho que não precisa de visto de permanência ou de trabalho em nenhum lugar do mundo. Não tem horário para cumprir, contrato para assinar, só depende do sujeito da ação. Muitos sabem disso, tanto que escritores brotam todos os dias."

     A partir daí a autora começa a narrar suas viagens com as amigas, confesso que para mim essa parte foi a mais leve e engraçada do livro, a leitura fluiu com muita velocidade e me vi envolta na viagem da Rebeca e em seu jeito de ser e fiquei cada vez mais curiosa de como se seguiria essa aventura. Em Funchal, na Ilha da Madeira, Rebeca encontra dois pretendentes, não muito convincentes para mim, não acho tão simples uma pessoa cair tão apaixonada pela outra em apenas um encontro, mas no caso da Rebeca, isso ainda fica mais evidente pois dois homens, um rapaz novo e um mais velho, caíram de amores por ela em segundos, e ela deixou de aproveitar alguns dias de passeio com as amigas para poder encontrar com eles.
     Uma coisa que gostei muito durante a leitura foi a introdução de poemas dentro do romance, a autora nos apresenta lindas poesias que fazem parte da narrativa e que contribuem para o decorrer da história. Eu não sou muito de ler poesias, mas nesse livro as poesias fazem parte do enredo, e para mim se tornaram uma experiência a parte, principalmente porque Rebeca entrou no mundo da Literatura através delas, e é por elas que acabamos conhecendo um pouco mais da alma e do passado da Rebeca. 
     O livro segue uma linha bem interessante sobre a viagem e sobre os dilemas da personagem, quando ela parte para Paris é que o livro começa a mudar um pouco, lá em Paris, sozinha e dedicada apenas a escrita, Rebeca começa a visitar alguns pontos de interesse cultural (eu amei essa parte, me senti viajando junto com ela por toda Paris, nunca li um livro que me introduziu tão bem em um cenário e me causou essa sensação de estar viajando junto com os personagens) e é em uma das visitas a Catedral de Notre-Dame que ela conhece Rémi e o livro começa a enveredar de verdade na área da fantasia. Após esse encontro bem esquisito com várias referencias do livro "Concunda de Notre-Dame" ao chegar onde estava hospedada e ligar seu computador encontra nos seus ícones da tela um poema não publicado do Victor Hugo que falava sobre a transcendência do amor. Ao abrir a sua caixa de e-mails encontra um pedido do próprio autor para que ela vá ao seu encontro, aqui vai um trecho do e-mail:

"Enfim viestes ao meu encontro. Não suportava mais ficar alheio de sua vida. Precisamos conversar, mas venha sem pressa, já que os próximos dias de sua vida algora me pertencem. Chegastes no momento crucial da minha trajetória política, tenho fortes aliados, mas mais fortes são os meus opositores."

    No início desse encontro fiquei meio perdida, alias, ainda hoje, após cinco dias de concluída a leitura ainda não entendo muito bem como a história seguiu por esse rumo. A partir desse e-mails Rebeca começa a ter uma relação amorosa com Victor Hugo que acaba se tornando um ser atemporal nesse livro. A autora, após muito estudo consegue trazer para a gente, na voz desse grande escritor e de Rebeca a historia desse incrível autor, uma biografia como nunca tinha lido antes, sem contar que também nos é apresentada uma grande parte da história francesa. 
     O livro Devotada Juliette até hoje divide a minha opinião e ainda não consigo dizer com clareza a minha impressão sobre o que li, a única coisa que consigo dizer é que esse é um livro com uma das propostas mais diferentes que já li. Ele me proporcionou viajar junto com Rebeca por Paris, me trouxe conhecimentos tão detalhados sobre alguns pontos históricos  e sobre Victor Hugo, e ainda por cima nos apresenta algumas poemas bem interessantes, o que posso garantir é que você não terminará essa leitura da mesma forma que começou.
     Se você gosta de livros repletos de viagens e de história você vai amar o que a Patrícia Deps fez nesse livro, e uma coisa eu posso garantir, é que apesar da autora ter relatado em uma entrevista que demorou apenas duas semanas para escreve-lo ele é resultado de uma vida inteira em busca de conhecimentos.
     Então esse é mais um livro nacional super recomendado por aqui....
     Beijos e até a próxima...